sexta-feira, 18 de abril de 2014

PROGRAMA | VII. Plano diretor, infraestrutura, sustentabilidade e expansão

APRESENTAÇÃO
Diretrizes Gerais
O Plano Diretor UFTM-2025 é expressão e projeção, no tempo e no espaço, de uma vontade coletiva, democraticamente construída, de fazer da UFTM uma universidade contemporânea de seu próprio tempo, consciente dos desafios que lhe são lançados pelo desenvolvimento científico e tecnológico, assim como por uma sociedade que traz as marcas tanto da condição periférica à globalização, quanto de perversas e inaceitáveis desigualdades e injustiças.

Não queremos apenas uma universidade de qualidade e democrática, nem que ela seja somente aberta a setores mais amplos de nossa juventude. Queremos, também, uma universidade engajada na construção de um projeto de país que contemple a autonomia científico-técnica, a justiça social e a responsabilidade ambiental.

Quatro idéias básicas ou princípios fundamentam nossa proposta para o PD UFTM-2025 e suas diretrizes gerais:

1. Princípio da dupla integração: segundo o qual a integração interna da UFTM é inseparável da integração da UFTM à cidade (e também, ao Estado e ao país);

2. Princípio da administração integrada dos espaços e edificações: contemplando uma visão de conjunto de nosso patrimônio fundiário e edificado;

3. Princípio da sustentabilidade: no qual o delineamento do campus deverá levar em conta as condições ambientais específicas dos locais onde serão instalados, contando com construções, equipamentos e entornos ecologicamente mais adequados;

4. Princípio do planejamento de longo prazo: definindo como horizonte o ano 2025, com dois momentos intermediários: 2018 e 2022.

Princípios fundamentais para o PD UFTM-2025
Poucas construções realizadas nas IFES brasileiras adotaram metas para reduzir tanto o consumo de energia das Universidades quanto as emissões de CO2. Nos novos projetos de construção, temos a oportunidade de definir metas ambientais ambiciosas desde o início. Essa deve ser uma das principais prioridades do PD UFTM 2025.

Além disso, algumas iniciativas podem ser incorporadas de forma a potencializar as construções e reformas considerando a sustentabilidade. É possível a utilização de diferentes tipos de células solares integradas à fachada de vidro como proteção contra o sol e, também, como um elemento artístico, ou a construção de piscinas de águas pluviais que ofereçam potencial de flora e fauna.

Fatores como o consumo de água, manejo de substâncias químicas perigosas, climatização dos ambientes e saúde também são pontos focais. Soluções serão incorporadas, sendo considerados os processos de trabalho. Substâncias químicas e biológicas, para uso em laboratórios, devem ser armazenadas, transportadas e manipuladas de forma segura. Ajustes acústicos e encapsulamento de equipamentos ruidosos devem ser incorporados às metas de forma a garantir ambiente salutar de trabalho.

Locais com transparência visual e áreas abertas entre os laboratórios, áreas administrativas, auditórios e salas de reuniões podem criar uma boa base para a cooperação e proximidade e podem influenciar o aspecto psicológico do ambiente de trabalho.

Entendemos que a área destinada à UFTM na Univerdecidade possibilita a prospecção de um valioso recurso para produção do conhecimento, interação social e de lazer, de importância ímpar para o bem-estar dos alunos e dos servidores.

A dupla integração anteriormente definida não se realiza de um dia para outro. Ela será resultado de uma estratégia de longo prazo, que se afirmará na continuidade de um projeto amadurecido que ultrapassa o horizonte de uma administração e de algumas gerações de estudantes.

De outro lado, a concepção e a implementação deste projeto também ultrapassam as fronteiras da Universidade, devendo envolver e engajar os Governos Federal, Estadual e Municipal, atingindo também a esfera de outros municípios que já acolhem, ou que vierem a acolher, unidades da UFTM.

Igualmente importante serão a articulação e o diálogo com organizações da sociedade civil e com movimentos e organizações populares, de modo que a UFTM, embora permanecendo uma instituição federal, seja, de fato, assumida como uma universidade da nossa cidade e do nosso Estado.

A definição do horizonte 2025 oferece a possibilidade de superarmos, de uma vez por todas, a cultura do “puxadinho”, das decisões ad hoc e imediatistas. Dessa forma, novas decisões acerca de investimentos e a destinação de terrenos e edificações estarão orientadas por um planejamento de longo prazo. No marco do horizonte 2025, trabalharemos com os horizontes intermediários 2018 e 2022, para revisão e aprimoramento dos projetos.

DIAGNÓSTICO
1. Entendemos que a fragmentação constitui uma das principais características da UFTM, com graves consequências para o cumprimento de seus objetivos, tanto acadêmico-científicos quanto socioeducativos e político-institucionais;

2. A fragmentação não é apenas persistente resíduo de nossas origens, mas algo que se tem produzido, reproduzido e, mesmo, aprofundado ao longo da história;

3. A fragmentação também se manifesta nos modos de organização de nossa administração acadêmica, em que as carências e duplicações de funções retratam trajetórias totalmente independentes das diferentes unidades e programas, assim como de diferentes serviços;

4. A fragmentação espacial, de certa forma interfere:
o fluxo interno de conhecimentos produzidos;
a exteriorização de conhecimentos produzidos com a sociedade;

5. A UFTM é detentora de um valioso, embora heterogêneo, patrimônio fundiário e edificado. Parte expressiva das edificações, mesmo daquelas mais recentes, defronta-se com problemas resultantes de deficiências de manutenção e planejamento. Construções antigas necessitam de reforma e ressignificação para a nova estrutura universitária emergente, de forma a permitir ampliação das atividades e de melhorias expressivas das condições de trabalho e estudo;

6. É grande o número de imóveis alugados (n=16) para funcionamento de laboratórios de ensino e de pesquisa, de salas de aula, de almoxarifados e outros, com custo atual de R$ 3.330.975,61 (Apêndice 2);

7. Outro fato que chama atenção é a fragmentação física do campus da UFTM, o que burocratiza os processos pela lentidão da comunicação entre os prédios administrativos, Figura IV. Mais ainda, o isolamento de determinados setores da universidade amplificam os custos com segurança e combustível, dificultando a fluidez dos processos e a execução de serviços;


8. Falta de unidade e noção de conjunto: é frequente a ocorrência de adições feitas de forma fragmentada;

9. Dificuldade de implementação de um plano para o conjunto dos edifícios, existentes e a construir, a partir do qual sejam asseguradas relações desejáveis entre as edificações e dessas com os espaços abertos e públicos;

10. Não há suficiente atenção à composição dos edifícios no que diz respeito à eficiência energética, reuso da água, qualidade construtiva e linguagem arquitetônica;

11. Circulações sem planejamento global;

12. Falta de integração entre as diversas porções do Campus;

13. Trajetos e percursos não possuem hierarquia clara; não ajudam a organizar os espaços dos setores; não se integram com outros elementos da estrutura espacial.

PROPOSTAS
Em relação ao princípio da dupla integração, apresentamos as seguintes propostas:

1. A integração físico-territorial a ser buscada pelo PD UFTM-2025 deve contemplar, de maneira decidida, questões como acessibilidade, segurança, densificação da unidade Univerdecidade, usos universitários e usos urbanos de seus espaços e edificações, integração social, democratização do acesso com incorporação mais expressiva de estudantes de camadas populares;

2. Deve, igualmente, projetar no espaço e no tempo os usos que serão dados aos imóveis que, progressivamente, terão suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, em parte ou no todo, transferidas para Univerdecidade.

A seguir estão algumas das iniciativas de sustentabilidade que serão aplicadas para o uso dos recursos e condições energia/clima em desenvolvimentos futuros:

3. Trabalhar o planejamento urbano e o desenvolvimento sustentável, por exemplo, ligação à cidade; os sistemas de transporte e a orientação do edifício em relação ao vento, do sol, do solo, topografia e outros condições;

4. Oferecer boas condições para ciclistas, pedestres e pessoas que utilizam o transporte público;

5. Utilizar materiais reciclados e recicláveis;

6. Privilegiar o uso de materiais que não contenham ou não liberem substâncias químicas perigosas e que consumam pouca energia durante o processo de fabricação;

7. Planificar os custos do ciclo de vida. Ao planejar a construção, é importante se concentrar na otimização da operação subsequente; consumo de energia, manutenção e limpeza devem ser levados em consideração;

8. Idealizar as construções e suas áreas vizinhas como ambientes de aprendizagem - o desenho do edifício e a área vizinha podem interagir com os usuários e contribuir para o seu processo de aprendizagem / conhecimento da sustentabilidade;

9. Trabalhar a gestão e a operação das construções de forma eficaz, utilizando, por exemplo, Sistemas CTS, automação e sensores de controle;

10. Planejar construções termoativas, por exemplo, utilizar o ar da noite para resfriar o edifício;

11. Viabilizar o aproveitamento da ventilação natural;

12. Privilegiar o uso de fachadas de vidro duplo, nas quais o espaço entre as vidraças seja utilizado para fins de refrigeração;

13. Utilizar sistema de refrigeração que aproveite a água do chão;

14. Privilegiar o uso de telhados verdes, capazes de reter 50% da precipitação; melhorar o microclima; isolar edifícios e proteger as estruturas subjacentes;

15. Usar a água da chuva de maneira eficiente, por exemplo, para vasos sanitários, ou percolação no próprio local;

16. Utilizar lâmpadas de LED tanto para iluminação comum e para a iluminação dos edifícios à noite;

17. Promover o uso eficiente do espaço;

18. Preservar, ao máximo, as árvores existentes; elas fornecem sombra e áreas frias, criam ambiente para interação e contribuem para a biodiversidade;

19. Implantar o sistema de coleta seletiva de lixo, integrada com sistemas de reaproveitamento e reciclagem de resíduos secos (metal, vidro, papel e plásticos), bem como a compostagem de resíduos orgânico, dentro do próprio campus, ou com instituições e/ou organizações coletivas locais que desenvolvam esses processos;

20. Implantar paisagismo, urbanização, malha viária com padrões e critérios de construção que mantenham e ampliem a cobertura vegetal, respeitando os quesitos de iluminação, circulação e segurança;

21. Definir um gabarito construtivo para as edificações, com verticalização e ocupação de encostas sem cobertura vegetal densa, a fim de garantir o máximo possível de áreas livres de edificações nos setores de fácil acesso.

O princípio estruturante de nossa gestão patrimonial e a destinação de ocupações e uso sugerem ao Conselho Universitário instituir o PD UFTM 2025.

A aplicação do princípio deve articular-se a outras diretrizes gerais, a saber:

22. Reconhecer que na condição de proprietária de importante acervo edificado, a UFTM tem responsabilidade na preservação, conservação e uso compatível das edificações e espaços que constituem parte do patrimônio histórico-arquitetônico da cidade e da nação;

23. Ampliar as discussões sobre consolidação do PD UFTM 2025 de forma a mapear e definir a ocupação do espaço na área cedida à UFTM na Univerdecidade (Figura V);

24. Elaborar um cronograma de construções e reformas, levando-se em consideração as prioridades.


Sobre o planejamento de longo prazo, indicamos basicamente as seguintes propostas:

25. Planejar a elaboração da proposta do PD UFTM 2025, articulado à realização de vários estudos, tanto de caráter técnico-científico quanto de caráter participativo, de forma a colher as impressões, juízos e objetivos da comunidade, que de alguma maneira interage com a UFTM;

26. Constituição das seguintes 4 comissões básicas:  Comissão de Segurança e Integração com a Comunidade, Comissão de Acessibilidade, Comissão de Mobilidade, Comissão de Uso, Ocupação do Solo e Sustentabilidade;

27. Programação de uma série de atividades até a aprovação final do PD UFTM 2025: Plenária de lançamento do processo de PD UFTM 2025; debates sobre o Campus (o campus visto por seus usuários; uso, ocupação do solo e sustentabilidade; a Mobilidade; a Acessibilidade; Segurança e Integração); Leitura Comunitária e Oficinas sobre pontos polêmicos; Definição dos Princípios e Diretrizes de Planejamento; Apresentação e discussão do Instrumento de Planejamento; processo de referendo da proposta com a comunidade universitária; aprovação do Plano Diretor no Conselho Universitário.


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