domingo, 27 de abril de 2014

As famosas mãozinhas

Carlos Francisco de Morais
Coordenador do Curso de Letras (UFTM)

Fiquei sabendo que algumas almas sensíveis não gostaram de ver as mãozinhas coloridas no logo da chapa A UFTM SOMOS TODOS NÓS, por crer que isso significa uma identificação excessiva com o Movimento Estudantil.

A essas sensibilidades, quero dizer que estão vendo as folhas, não a árvore...

Como tudo na formulação dessa chapa, as imagens divulgadas em suas plataformas de comunicação foram debatidas abertamente, democraticamente. Tudo o que aparece no site, no blogue, na página do Facebook, nos panfletos etc, só está lá por simbolizar o anseio de união de toda a comunidade universitária, justamente o anseio que deu origem e sustenta hoje essa chapa, assim como sustentará a gestão 2014-2018.

A chapa A UFTM SOMOS TODOS NÓS valoriza sim o movimento estudantil. Entretanto, não o pauta nem é pautada por ele. Não é responsável por ele, nem por suas desejadas conquistas nem por seus possíveis erros, pois o movimento estudantil é dos estudantes, dos jovens extraordinários que tomam em suas mãos a tarefa de democratizar a universidade brasileira. Esses jovens são sérios, engraçados, variados, irreverentes, respeitosos, valentes, tímidos, atrevidos, esperançosos, impacientes, inteligentes, ouvintes, falantes, complexos... Como todos os seres humanos, estão se fazendo no calor do momento, com erros e acertos: e por isso gostamos deles. Quem não gosta?

As mãozinhas aparecem porque Fábio e Laura querem dar as mãos a todos na UFTM, a todos que acreditam na UFTM, a todos que lutam por uma UFTM pública, gratuita e de qualidade.

Dessas mãozinhas que se dão, dessas folhas, será feita a árvore: o desenho da UFTM que queremos, da UFTM que seja um espelho de todos nós, simplesmente porque A UFTM SOMOS TODOS NÓS.

E por falar em mãos dadas, lembrei-me destes versos de nosso maior poeta, Carlos Drummond de Andrade:

“Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.”

2 comentários:

  1. Como representante de algumas “almas sensíveis” vim expor minha indignação diante a ironia com que os senhores tratam os pensamentos de alguns.
    Em momento algum nosso grupo foi contra os manifestos, e sim como a forma com que estes são feitos. Presenciei agressões tanto verbais quanto físicas por parte alunos que- como os senhores disseram- agiram no calor do momento. Acredito, honestamente, que seres humanos racionais não agem desta forma inescrupulosa.
    Diante algumas barbaridades que presenciei, eu e meus amigos fomos intitulados, ironicamente e ofensivamente, pelos senhores como sensibilidades. Por um lado, não deixamos de ser sensíveis, pois tivemos uma capacidade a quem das dos senhores, que observam o manifesto como apenas jovens que lutam por causas nobres. Causas realmente nobres. Porem, vamos analisar. Atrapalhar as aulas de professores com barulhos é uma forma nobre? Quebrar cadeiras para chamar atenção é uma forma nobre? Manifestar –ilegalmente- sua arte nas paredes é nobre? Agredir verbalmente uma pessoa lhe torna mais nobre? Tentar agredir fisicamente uma professora, ou qualquer outro ser humano, é nobre?
    Sendo assim, este grupo de sensíveis, observa por trás destas mãos, vulgo mensagem subliminar, um apoio incondicional dos senhores aos manifestos.
    Reflitam. Gostaríamos de saber se os senhores representam somente aos alunos que agem no calor do momento, ou aos sensíveis também.

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    1. Prezado “Anônimo”:

      Sou Carlos, docente da UFTM e autor do texto sobre as mãozinhas. Sinto muito o fato de você não ter atentado para o foco de minha argumentação: algumas críticas ao desenho usado como logotipo da chapa A UFTM SOMOS TODOS NÓS. Tudo que escrevi gira em torno disso, ao contrário de seu texto. Como você poderá observar em uma releitura, em momento algum defendi manifestações violentas ou ilegais; se você viu isso em minhas palavras, foi porque assim o quis.

      Os escrúpulos da chapa que apóio não estão em discussão, já que nada há que a desabone. Construída de baixo para cima, A UFTM SOMOS TODOS NÓS não fez, faz ou fará barganhas, não oferece cargos a ninguém, não pratica o “toma lá, dá cá”; não toma atitudes extemporâneas e ao arrepio das regulamentações da UFTM para aumentar suas chances de vitória. Por favor, tenha mais respeito pelos docentes, discentes e técnicos, todos eles interessados no bem coletivo, que estão construindo este movimento histórico em nossa universidade.

      Durante a recente mobilização, excessos foram cometidos, mas, como se pode inferir de meu texto, a chapa não é responsável por eles, não os incentivou nem os encobriu. Não pode, entretanto, deixar de afirmar que não houve excesso maior do que chamar a polícia para nossos alunos. A polícia não tem lugar em nenhuma universidade do mundo, isso é ponto pacífico. A academia é o espaço do choque de idéias, exclusivamente, ainda mais em tempos democráticos como os que estamos construindo no Brasil.

      É nobre essa causa, como é nobre esta nossa casa, a UFTM, onde deve existir também a contradição, a diversidade de pensamento e de ações, a autonomia dos corpos docente, discente e técnico-adminstrativo, cada um assumindo seus sonhos e suas atividades com responsabilidade. A isso damos o nome de democracia.

      A chapa A UFTM SOMOS TODOS NÓS se propõe representar todos os que acreditam na universidade pública, gratuita e de qualidade e que envidam todos os esforços em prol dessa luta. Não há como fazer isso sem nos darmos as mãos, é isso o que nosso símbolo quer dizer. Que pena haver aqueles que se entristecem quando um movimento democrático incorpora a indispensável contribuição dos mais jovens...

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